
A descoberta do ser
Como encarar seu reflexo no espelho e saber se é verdade o que se vê? Como se identificar com nossas atitudes, sem saber se de fato isso não é uma ilusão? Quem te disse que está certo? Quem não te garante que podemos errar?
As pessoas erram o tempo todo. Mudam de curso, abandonam relacionamento, trocam de emprego, arrumam uma casa melhor, pintam o cabelo de novo. Tomar uma decisão nem sempre é certeza de acerto, mas é melhor do que permanecer parado e não saber.
Penso que fomos tão tolhidos quando pequenos que tememos errar. Errar é o fim da picada. Sem indeciso, ser inseguro, ter ressalvas. Não se pode ponderar muito, não se pode retardar. Aquele que não pensa e age fica para trás. Como é cruel exigir do coração e da almas respostas tão certeiras se nem tudo está definido? Penso que isso é o princípio do caos. É aí que começa o problema: tirar a licença do erro, a possibilidade de se equivocar. O erro precede a mudança e toda a mudança advém do movimento, e você está se movendo, está saindo do lugar. E nada melhor do que andar, não é? Evoluímos, crescemos, aprendemos.
Eis o sentido da vida.
Ou pelo menos deveria ser. Eu também não sei. Eis a descoberta de como ser.
Como ser alguém, como ser intenso, como ser verdade. Como ser?
Ser é diferente de existir. Ser é mais profundo até que o sentir.
Nessa descoberta difícil, pego-me saudosa pelos os meus momentos internos de quando sabia exatamente quem eu era, o que eu queria e para onde seguiria. O tempo passou, as considerações mudaram e hoje me pego sozinha nesse galpão que nem sei como vim parar, com moveis estranhos, uma caixa pesada e antigas decisões e novas possibilidades.
Para uma poeta nata, seria o princípio do sonhos, mas o medo… errar agora, me faz pensar que não sei se aguento. Errar comigo mesmo e com minhas profundezas me faz encarar frente a frente o despreparo e o equívoco. Sigo estagnada, em ponto morto, sem saber como andar. Sem saber como ser eu mesma outra vez.
Ou pela primeira vez.
Quem sabe.
Mariana Ravelli
Sempre tem alguém pra me dizer que estou falando muito alto ou que não preciso ser tão incisiva, mas a verdade é que o tempo passa e eu continuo ficando mais ácida e as pessoas mais chatas. Não gosto de barulho, não gosto de gente. Gosto de chás e cachorros fofinhos. Não toque no meu cabelo.

O nome dele era Felipe
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