Reflexão

A (falsa) liberdade sexual e a agonia de não vivê-la

Foram meses de confusão. Eu mesma não sabia entender o que estava acontecendo, e porque algo que antes era tão natural para mim mas parecia um caminho tortuoso e desesperador. O sexo sempre foi muito bom e prazeroso, mas depois de um ciclo sem fim de relações fadadas ao fracassos, situações-problemas complicados e homens que mais pareciam ogros eu comecei a me fechar sexualmente. Nunca cheguei a odiar ou a falar que não queria mais transar, muito pelo o contrário. Me doía na alma não estar transando. Mas sempre que eu tentava, tudo se seguia se uma forma ruim e frustrante e aos poucos eu comecei a achar melhor viver minha vida sozinha. Dizer que vivi o celibato é forte demais. Isso nunca existiu. Eu ainda vivia minha sexualidade, mas comigo mesmo.

Como eu disse, foram meses de um caminho complicado e confuso, até que eu comecei a ver que o que me incomodava – além do sexo em si – era a sensação de inadequação de que eu não estava vivendo minha sexualidade como todos esperavam. Eu não estava vivendo meus dias e minhas relações de uma forma que as pessoas queriam que eu vivesse. Tão linda.. mas não está transando? Nossa, ela é tão inteligente.. porque não consegue um namorado? Relacionamentos sérios e duradouros me incomodavam dentro da alma, e eu não gostava e nem pensava nisso naquele momento. Eu precisei passar pelo o vale das trevas para romper com a necessidade de estar suprindo expectativas alheias. Sempre se falavam da liberdade sexual.. mas a liberdade sexual não se trata somente de viver sua sexualidade abertamente e com quem quiser, se trata de não viver também se assim você desejar. Mas eu nunca tinha pensado nisso.

Gastei meses da minha vida me julgando, apontando o dedo para mim mesma e jogando sal em uma ferida que poderia ter sido curada tão antes. Você só deve fazer as coisas quando quiser. E às vezes você acha que quer, mas não quer. É preciso conhecer-se de verdade para entender isso e perceber os pequenos detalhes. Somos doutrinados desde cedo de que sexo é um carimbo de autossuficiência e autonomia, e claro, de status social. Viver sua sexualidade abertamente é garantia de que você é incrível. E bacana. E tudo mais. Mas você continua sendo incrível, e bacana e demais mesmo se escolher não viver o sexo em si. Ou então, se apenas entrega sua sexualidade há poucas pessoas. Essa necessidade de autoafirmação só nos fazem dependente de homens, mulheres e uma falsa aprovação social. Ela não existe. Ela nunca virá. Se você transa, é puta. Se não transa, é trouxa.

Viva sua vida apenas a sua maneira. Entenda que o que existe hoje em dia é uma falsa liberdade sexual, e você deve procurar à sua liberdade real. Entender seu tempo, sua forma e a maneira como você e seu corpo funcionam. Mergulhe na sua sexualidade, que há muito deixou de ser só a forma como seu corpo reage a um beijo ou carinho. Entenda o que te dá tesão, o que te motiva e mexe com sua mente. A troca sexual é apenas uma das formas de lidar com sua sexualidade. Aprenda a desfrutar de todas. Eu passei meses sozinhas até entender tudo isso, e não divido minha sexualidade com qualquer pessoa. E nem de qualquer jeito ou forma. Eu sinto de verdade. Eu quero sempre a verdade. E se isso significa não transar tanto quanto as pessoas acham que eu deveria transar, então tudo bem. Eu prefiro um sexo incrível e real, do que uma sexo vazio e cheio de expectativas que jamais serão supridas. Na hora certa aparece: o seu corpo arrepia, a vontade vem, e você se entrega para uma relação intensa e prazerosa. Isso existe mesmo. É real.

O sexo é incrível, ainda mais dividido com alguém incrível. Espero que descubra o que é o melhor para você. A liberdade é sua por direito e funciona como você decidir.

Sempre tem alguém pra me dizer que estou falando muito alto ou que não preciso ser tão incisiva, mas a verdade é que o tempo passa e eu continuo ficando mais ácida e as pessoas mais chatas. Não gosto de barulho, não gosto de gente. Gosto de chás e cachorros fofinhos. Não toque no meu cabelo.

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