
Eu ainda não estou preparada para aceitar o amor
O insight apareceu de madrugada. Passava das duas, eu estava cansada e sem sono. As costas doíam, a cabeça ia e vinha em uma dor superficial. Terminei desistindo de pegar no sono e comecei a refletir. Era previsível que minha mente fosse cair no problema mais comum de todos.. o amor. Porque nada dá certo? Porque eu só quero quem não me quer? Porque tudo é tão complicado? Porque eu não posso gostar de quem gosta de mim? Porque eu mudo de ideia tão rápido? Porque não posso simplesmente começar alguma coisa e continuar? Eram tantas perguntas, e a maioria delas sem respostas.. e tudo é sempre tão cansativo. Viver isso era cansativo, pensar sobre isso era cansativo e também será cansativo resolver. Mas se eu não pensar e refletir, eu não posso solucionar nada né? Evoluir consiste em mergulhar nas suas sombras e limitações.
Por mais difícil que seja. Por mais doloroso que se mostre.
No entanto, as revelações que tive comigo mesma foram bem dolorosas. Apesar de anos tentando melhorar, aprendendo com os erros e não desistindo de conhecer e me envolver, a verdade era uma só: apesar de querer, eu ainda não estou preparada para aceitar o amor. Não completamente. Não do modo certo. Aceitar uma coisa só por medo de ficar sozinha não é amor. Aceitar uma relação só porque sabe que pode se arrepender de seguir em frente, não é amor. Decidir investir em algo que você sabe que não quer ou não está na hora, não é amor. Tudo isso me fez perceber que se tratava mais de carência emocional do que de fato amor. Amor é outra coisa. Amor é verdade. Amor é entrega. Amor é liberdade. Amor é querer, e não temer. E eu tenho temido, tudo. A aproximação, o tempo junto, a intimidade, a sensação superficial de que vou perder minha liberdade… tudo isso me faz entender que eu não estou preparada para aceitar o amor. Mesmo querendo.
Os pequenos farelos de pão que ficavam pelo o caminho ao longo da minha vida me levavam a revelações importantes sobre como eu encarava uma relação amorosa, confiança e liberdade. Comecei a perceber que sou mesmo desconfiada, quase uma coisa crônica. Não confio, não me abro e comecei a ver com maus olhos as relações amorosas profundas. Sexo por sexo eu me dava bem, mas relações mais profundas e intensas me perturbavam. Parecia que cada vez que uma pessoa realmente me conhecia de verdade eu não conseguia me abrir com ela. Não conseguia deixar fluir… tudo ficava ruim, e eu automaticamente condenada a relação. Fiz isso milhares de vezes. Comecei a perceber os sinais, o modo como a minha ideia de liberdade só me levava a solidão. Tantas vezes eu quis ficar e acabei partindo por medo ou limitação. Era difícil assumir isso para mim mesma.
Era perturbador.
Chegar a tal conclusão abriu uma premissa para outras mil considerações e fatos que devem ser levados em consideração. Uma porta sempre leva a outra, e o caminho em busca do meu autoconhecimento nunca acaba ou para. Sigo resoluta em busca de mim mesma. Não irei parar.
Anna Montez
Uma flor de muitas pétalas, que adora o silêncio e a possibilidade de se redescobrir através das palavras. Publicitária, comunicadora nata e aspirante a socióloga de bar. Adora uma causa perdida, um drama shakespeariano e beijo sedento no final da frase. Sou viciada em histórias. Me conte a sua.

O nome dele era Felipe

Minhas tatuagens contam histórias
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