
No dia que você partiu
Já faz tanto tempo que nem me lembro com certeza de todos os detalhes. Talvez eu esteja até devaneando. Era julho, no final das férias. Estava frio e foi por isso que você me levou até em casa, segurando forte minhas mãos e dizendo que eu tinha mãos frias. Eu não tinha entendido seu silêncio ou porque você ficou me encarando além do normal – mas hoje eu sei por que você me deu aquele beijo frenético, como se o mundo fosse acabar. Você beijou minha testa, e fez uma piadinha sem graça sobre o tempo e a vida.. eu não me lembro direito, deve ter sido algo assim.
Hoje tudo faz muito sentido, mas naquele dia eu nem se quer suspeitei. Você abriu o portão da minha casa, e me fez entrar depois de um longo silêncio. Eu só estranhei que você não me abraçou, mas insistiu em me beijar uma outra vez. E foi a última vez que eu vi o garoto por quem eu havia me apaixonado desde o primeiro dia que tinha colocado os olhos sobre você. Tão esquisito pensar nisso, não é? Eu achei que ficaríamos juntos para sempre, ainda mais depois de tudo que você fez para recuperar minha confiança e exigir seu lugar na minha vida.
Você foi tudo para mim. Você enxugou as minhas lágrimas, me livrou de todos os meus medos e inseguranças. Por que você teve de ir embora? Você sabia que eu não era de me entregar e eu sabia que você costumava sair da linha, mas, mesmo sabendo disso, mesmo sabendo onde eu estava pisando.. eu não esperava. Foi difícil, doeu, eu chorei. E então você partiu.
Anna Montez
Uma flor de muitas pétalas, que adora o silêncio e a possibilidade de se redescobrir através das palavras. Publicitária, comunicadora nata e aspirante a socióloga de bar. Adora uma causa perdida, um drama shakespeariano e beijo sedento no final da frase. Sou viciada em histórias. Me conte a sua.

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