
Nós não saímos do papel
Segunda vai fazer um ano que te conheci, mas depois de tudo parece que faz uma vida. Hoje, eu poderia relembrar nossas conversas e todos os universos que imaginei para nós dois, mas sabemos que nenhum deles sairá do papel, amor. Nós dois não saímos. Pelo menos, não da forma que eu gostaria. Pelo menos, não do jeito que mereço. Você poderia ter sido melhor se tivesse se importado, mas nós sabemos que você nunca se importou. Mas era orgulhoso demais para assumir isso, ou egocêntrico demais para deixar que eu seguisse em frente.
Nem acredito que segunda vai fazer um ano que te conheci.
Mesmo depois de tudo, nosso encontro há um ano atrás algo mudou minha vida. Por um segundo, achei que tinha encontrado o meu amor. Por um segundo, imaginei toda minha vida a partir daquele momento. Parece piegas assumir isso assim, depois de tudo, mas é a verdade. Por um segundo, tudo pareceu certo, e isso me pareceu muito amor, por que até aquele momento, tudo tinha dado errado. Dado muito errado. Mas nós só parecemos certos por um segundo. Apenas por um segundo. E nada mais. Não é nem o tempo de uma respiração completa ou um amor descente.
Eu poderia ter deixado acabar, hoje percebo isso. Eu deveria ter deixado acabar. A medida que eu percebia que eu estava entregue demais, e você apenas molhando os tornozelos na beira da piscina. Ah, amor… eu poderia te afogar na saudade, e quem sabe, te perder de vezes nas lembranças. A vida sem você continuaria, nós sabemos disso. Sempre soube que eu não seria Julieta, eu não morreria de amor. Mas isso não torna mais fácil sua ausência, nem mesmo a solidão.
E então, passei pelo céu e inferno por causa desse sentimento. Eu me comprometi com tudo que poderia vir dele, o bom e o mal. No início, tudo era uma perfeita ilusão, como um belo mar cristalino, como uma bela história que inunda o papel. Mas a medida que me aproximava mais de você, mais eu me afogava. Mais eu me matava. E eu, tola, me recusava a subir para a superfície, mesmo com todos os sinais.
Mas agora acabou. Graças a Deus, acabou.
Segunda faz um ano que te conheci, e hoje, quando finalmente te reencontrei, por um segundo eu vi tudo o que passei até aqui. Hoje quando encontrei seus olhos eu revivi tudo o que sobrevivi para estar sóbria sobre este sentimento. Por um segundo eu lembrei daqueles sonhos tolos, daquela menina sonhadora. Por um segundo, pensei seriamente em ir até você novamente. Mas apenas por um segundo. E então fui embora, te largando em sua própria tormenta. Nós não sairíamos do papel, amor. Nunca.
Texto escrito com colaboração de Maria Clara Almeida
Anna Montez
Uma flor de muitas pétalas, que adora o silêncio e a possibilidade de se redescobrir através das palavras. Publicitária, comunicadora nata e aspirante a socióloga de bar. Adora uma causa perdida, um drama shakespeariano e beijo sedento no final da frase. Sou viciada em histórias. Me conte a sua.

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