Reflexões sobre casamentos e relações

Pra quem me conhece, sabe que vivo a vida escrevendo. Sou uma escritora meio sedenta por histórias, vendo poesia em tudo, criando enredos mentais para ligar uma música, a um rosto, a um lugar e criar algo arrebatador. No entanto, tive dificuldade de formular o que diria aqui hoje. Percebi que o problema não era escrever e sim saber o que dizer, sobretudo em um casamento. Gosto de casamentos, escrevo sobre casamentos, mas não entendo muito sobre casamentos. Prestei-me então a refletir sobre isso. Talvez eu devesse ter refletido mais, mas já era quase madrugada de quinta e eu continuava sem saber o que fazer.

Então, eu desisti de escrever sobre casamentos e resolvi apenas escrever, que é o que eu sei fazer. Resolvi escrever sobre o amor, sobre os problemas. Sobre a falta de paciência, e a poesia que existe na rotina do dia a dia. Peço licença a todos os meus leitores presentes aqui que já amaram e tiveram sua história de amor, mas hoje o romance em questão sobre qual eu retiro esta inspiração encara uma nova jornada: o casamento. Escreverei aqui, perante vocês, minhas considerações sinceras sobre esse casal amoroso. Como eu disse, não entendo de casamentos, mas acho que entendo um pouco sobre o amor. Então vamos falar de amor.

Como se começa uma grande história? Eu não sei.

Talvez na escola, em um curso interessante, na avenida, entre um grupo de amigos. Quem pode dizer que existe apenas um começo épico? Nosso casal começou sua história bem lá trás. E por conta de um e-mail pelas histórias que eu ouvi. Eu presenciei uma discussão acalorada entre os dois, em que esta noiva jura que já deu tamancadas na cabeça do noivo, que jura nem lembrar. Será que esse é a certeza de que será para sempre? Quisera eu ter boas notícias para dar a vocês – aos encantados e os desiludidos de coração -, mas acho que se já chegamos aqui – e você tenha lido mais do que dois textos meus e amado mais do que uma vez na vida -, vocês já sabem bem o quão difícil é conviver com o outro e como o mau humor ou a falta de paciência com as demandas do dia a dia podem minar o encanto de uma relação. Então, se me cabe desejar virtudes à vocês, como uma boa fada madrinha, eu desejo paciência.

Não uma paciência comum, como aquela pessoa que encara algo dando errado, respira fundo com raiva e segue em frente. Eu desejo uma paciência profunda, com uma dose de sabedoria em entender que nem tudo dá certo – e tudo bem. Aquela paciência que acalenta o coração e nos acalma, sabendo que se tá difícil hoje, ok, amanhã vai dar certo. Aquela paciência que te relembra que embora você pense que não tem saída, você sabe que vai passar. Desejo também uma extrema dose de bom humor. A poesia do amor nem sempre está explícita, e é preciso saber ler as entrelinhas para se re-apaixonar mesmo com as coisas saindo um pouco dos trilhos. É preciso relembrar do por que escolhermos certos caminhos, por que os problemas tendem nos fazer a esquecer os porquês. Por que me apaixonei? Por que decidi me casar? Por que escolhi essa pessoa? Por que? Saibam usar o bom humor para achar as respostas.

Desejo também sabedoria: que vocês saibam fazer suas escolhas, escutar um ao outro e a si mesmos, e a cultivarem a sinceridade e o respeito. Que quando os problemas chegarem, vocês saibam partir: não dá relação, mas da discussão. A inteligência é saber que brigar não vale a pena, mas a sabedoria é saber como não brigar ou quando é necessário brigar. Que saibam então, refletir sobre o que realmente deve ser dito, e calar quando for necessário. Se errarem, saibam pedir desculpas e reconhecer o erro – com sinceridade e respeito, repito. Que possam ser amigos além de marido e mulher, e possam ajudar um ao outro a crescer.

A vida é repleta de inúmeras escolhas, caminhos complicados, alegrias repentinas e bifurcações que nos levam para onde precisamos que nem sempre é onde queremos. Propostas de emprego não acontecem, pessoas adoecem, amores acabam, guerras explodem. Mas também nascem bebês lindos, a primavera sempre volta e o sol sempre brilha. E no final, somos todos parecidos. Contamos a mesmas histórias, temos os mesmo medos e chegamos ao mesmo lugar. Então, eu, em minha humilde falta de experiência sobre casamentos, mas alto senso de escrita, digo que para aqueles que pensam em se casar e à vocês dois, se casem com alguém bom. De bom coração. Um coração gigante e amoroso é capaz de suportar os intérpretes repentino da convivência. E mais do que uma dose extra de sorte e paciência, hoje eu desejo amor. Não um amor de cinema ou de livros de romance: mas um amor real. Um amor que busca a evolução e o crescimento, e não o auto-engrandecimento. Só quem ama com verdade sabe que o amor não precisa gritar pro mundo que ama, ele só quer amar. A felicidade do outro é importante e você está disposto a dar a ele o que ele precisa, porque o amor não exige, apenas oferece.

E para finalizar: existem muitas coisas que fiz das quais posso me orgulhar, algumas delas estão aqui hoje: a minha completa capacidade de escrever sobre tudo, a minha completa incapacidade de não me emocionar em casamentos, o homem com quem escolhi passar o resto da minha vida sentado bem ali e vocês dois, que hoje me deram a chance de ser madrinha e subir aqui para dizer o quão incrível é torcer pela felicidade do outro e ver os sonhos sendo realizados. Hoje eu só desejo amor, porque luz vocês já tem. Feliz vida! Aguardo ansiosamente os próximos capítulos dessa história.