Relacionamentos

Uma mensagem para o cara de jun

Eu não esperava te ver naquele dia. Você mandou mensagem, me chamou para tomar uma cerveja e quando dei por mim, eu já estava andando descalça pelo o seu apartamento. Você me conhece bem. Enquanto você estava tranquilo demais e bem certo do que estava fazendo, eu estava reparando nas coisas, observando a decoração abstrata que parecia se perder por entre as paredes mostardas. Você me serviu cerveja, depois bebemos cachaça e por fim, abrimos a garrafa de whisky. Era óbvio que eu ficaria bêbada, e provavelmente mais solícita e saudosa com nossos tempos. Nós já havíamos terminados há anos, mas naquele dia tudo pareceu voltar. Era impossível não falarmos de nós dois naquele lugar que tinha tanta história nossa.

Mas preciso assumir, amor, que falar sobre nós não reviveu tudo de uma forma amorosa ou sensual, mas de uma forma… diferente. Olhar você, do outro lado da sala, me olhando da mesma forma que costumava fazer, mas sendo alguém diferente depois de tudo – ou por conta de tudo, quem poderá dizer? – isso mexeu comigo. Não há ponto de me fazer questionar minhas decisões, mas o suficiente para me fazer perguntar mentalmente se eu tinha sido justa ao acabar tudo da forma como fiz. Você sempre esteve lá por mim, mesmo depois do fim. E e eu sempre estive lá para você. De alguma forma, a gente se manteve próximo, alimentando todo o carinho e cuidado, mesmo sem conviver. E depois de todo aquele tempo, você ainda sorria para mim como se eu fosse a mulher mais linda do mundo. Nós falamos sobre nós, relembramos tudo o que aconteceu, seus amigos torceram por nós. No final da noite, eu não pude resistir a um beijo. Mil coisas passaram na minha mente, mas nenhuma delas com alguma consideração que me fizesse ficar. Você havia seguido em frente, eu também. Vivíamos outras histórias agora.

Parti de madrugada mesmo, depois de passar mal no seu banheiro e fazer bagunça com suas camisetas no quarto. Eu seguia sendo esse furacão, arrastando tudo comigo, enquanto você seguia tranquilo demais e com uma paciência sem igual. Você ainda me deixou na porta de casa, todo preocupado com minha glicose. A gente sempre se deu bem, até mesmo quando não tinha mais motivo para dar. E você continua sorrindo desse jeito amoroso, me querendo por perto, enquanto eu fico me perguntando o que é que eu fiz pra merecer tudo isso. Você sempre foi bom demais pra mim, ou então eu é que não sou tão boa. Vai saber.

Uma flor de muitas pétalas, que adora o silêncio e a possibilidade de se redescobrir através das palavras. Publicitária, comunicadora nata e aspirante a socióloga de bar. Adora uma causa perdida, um drama shakespeariano e beijo sedento no final da frase. Sou viciada em histórias. Me conte a sua.

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