
Uma mensagem para o cara de novembro
Você não seria você esse mês, porque prometi para mim mesma que te colocaria porta a fora, mas preciso assumir que sou péssima mesmo em terminar as coisas. Ainda mais as coisas boas, e imensamente prazerosas e divertidas.
Você não passa de uma fuga interessante e confortável para meus dilemas e confusões, e embora eu saiba que isso não é saudável para nós dois, insisto em continuar nesse tira-teima. Nos damos bem, gostamos do silêncio e de encontros regados a boa conversa e cerveja gelada. Sinceramente, até assumo que seríamos incríveis juntos, mas nenhum de nós dois pensa nisso. Ou finge que não pensa, eu não sei. Prefiro não ponderar sobre isso, o que me importa hoje é que esse mês foi teu, assim como meu colo, meus segredos e meus beijos nessas últimas semanas.
Você se apossou da chave da porta com uma simplicidade que me roubou sorrisos e perguntas nos primeiros meses, mas hoje não me incomoda ou comove. A casa tem seu cheiro, mas a decoração segue fiel as escolhas que fiz antes de você. Os assuntos são os mais variáveis, o menu dos jantares sempre os mesmos – pizza, pizza e pizza. Apenas a playlist saiu à teu gosto, o que nos ajudou a descobrir que tínhamos em comum mais do que a química de pele e a mania de apreciar o silêncio. Você passou a ser mais carinhoso, e eu mais compreensiva.
Trabalhamos nossas inseguranças, desenvolvemos o senso de ação e aprendemos que tudo na vida depende da motivação.
Minha motivação em uma semana do cão é saber que no final de semana terei você. Você insiste em me ligar no meio de uma terça-feira chuvosa só para dizer que meu cheiro te acalma no trabalho. A gente finge que não é nada de mais, e de fato não é.. a cerveja e o modo como não nos levamos a sério compactuam com tudo. Não falaremos sobre isso, o que havia de ser dito, já foi.
O mês se arrastou de uma forma muito curiosa, gastamos mais dias juntos do que de costume e trocamos verdades além do normal. E embora a cada novidade eu pense que o laço entre nós ira se desatar, tudo parece apenas nos jogar para a frente. Eu vivo minha vida por aqui, você resolvendo suas coisas por aí e sempre usando a chave da porta quando quer chegar do nada. Desisti de entender, assim como você também parou de perguntar. Insisto em repetir que gostamos do nosso silêncio.
E embora isso seja incômodo e desesperador para certas pessoas, é preciso sentir-se imensamente a vontade com alguém para ficar em silêncio ao seu lado – nós dois sabemos disso e minha casa também.
Anna Montez
Uma flor de muitas pétalas, que adora o silêncio e a possibilidade de se redescobrir através das palavras. Publicitária, comunicadora nata e aspirante a socióloga de bar. Adora uma causa perdida, um drama shakespeariano e beijo sedento no final da frase. Sou viciada em histórias. Me conte a sua.

Meu oposto complementar

O outro lado: carta à estranha que me habita
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